Após a triagem dos candidatos que, de acordo com as informações às quais tivemos acesso (banco de talentos interno, banco de talentos externos, indicações, mídias sociais profissionais – no momento tendo o Linkedin como mais popular – chega o momento de nos aproximarmos dos candidatos para, se fizer sentido para o momento profissional que se encontram, agendarmos e realizarmos as entrevistas.
Este é um momento valioso, inicialmente para o candidato que busca uma oportunidade, mas principalmente para a empresa. Se bem executado, pode render excelentes frutos com ROI (Return On Investment) no médio e longo prazo. Por esse motivo, vale empenhar tempo e esforço. A boa notícia é que, com um pouco de disciplina e estrutura, você também poderá fazer isto com ótimo desempenho.
O primeiro passo é realmente definir um roteiro de entrevista, caso você ainda não tenha. E mesmo que já utilize algum, vale sempre revisar se algum ajuste é necessário. Com a velocidade de mudanças que temos hoje, sempre encontramos oportunidades de melhorias. Aqui na Good Bridge desenvolvemos um esqueleto básico que, com pequenos ajustes de acordo com o setor, área e nível de senioridade da posição, vai muito bem em nosso dia a dia. E é exatamente este esqueleto prático que dividiremos neste artigo.
As principais etapas do Roteiro de Entrevista que utilizamos são:
- 1 – Warm up
- 2 – Conhecimento Técnico
- 3 – Comportamental
- 4 – Fit Cultural
- 5 – Visão de Futuro
1 – Warm Up
Este é o início da entrevista. É quando iniciamos o bate-papo com o candidato. Após as devidas apresentações de ambos os lados, colocamos perguntas “leves” e que façam o candidato se sentir à vontade. Neste momento, aproveitamos também para pedir “licença” para realizar anotações, já salientando que queremos registrar pontos importantes do bate-papo e não esquecer detalhes valiosos. Por respeito ao candidato, fazemos as anotações em papel para manter atenção à ele (linguagem corporal, reação às perguntas, expressões faciais, entre outros). Recrutadores que já tiveram a oportunidade de entrevistar dez ou mais candidatos em um mesmo dia, sabem a facilidade que é confundir as informações.
Exemplos de perguntas no Warm UP:
O que lhe atraiu nesta posição de “gerente administrativo financeiro”?
O que lhe agrada na empresa em questão (caso seja possível divulgar o nome).
A distância é razoável para você se locomover até a empresa?
2 – Conhecimento Técnico
Neste momento, já temos um ambiente propício para iniciarmos perguntas mais específicas à posição em questão. E este é também um ponto-chave do roteiro. Manter um clima positivo para o bate-papo, mas principalmente o foco na posição a ser preenchida, com perguntas relevantes para este fim.
Cada posição a ser preenchida, dependendo do setor, área e senioridade, traz particularidades com relação ao conhecimento técnico. Uma forma de manter esta fase em uma “trilha”, é justamente entender a vivência e o conhecimento do candidato naquele setor e área. A partir daí, criar perguntas que possibilitem ao candidato compartilhar as principais responsabilidades e interações que ele desempenha ou já desempenhou anteriormente.
Exemplos de perguntas sobre Conhecimento Técnico:
Conte-me sua experiência no “setor moveleiro”.
Conte-me sobre suas responsabilidades como “Gerente Administrativo Financeiro”.
Quais as principais interações que desenvolvia com outras áreas.
3 – Comportamental
Nesta etapa, já temos um conjunto de informações importantes sobre o perfil profissional do candidato. Podemos então avançar para uma fase um tanto subjetiva, em busca de hard e soft skills que nos auxiliam na captura mais abrangente do perfil.
Em nossos processos de seleção, buscamos fugir do óbvio sem perder o foco – ou seja – a vaga a ser preenchida. Perguntas que fazem o candidato resgatar um momento específico e o comportamento adotado, e também a forma com que ele conta o evento, nos ajudam a entender como ele se posiciona em situações de certa pressão, sem deixá-lo desconfortável.
Exemplos de perguntas comportamentais:
Conte-me uma vez que fez algo surpreendentemente positivo na posição de Gerente Administrativo Financeiro, e que recebeu forte elogio do time.
O que você faria se “uma situação de alta criticidade”.
4 – Fit Cultural
Cada empresa possui seus próprios valores, objetivos e missão. Trazendo esta realidade para o candidato, as similaridades e sinergias entre empresa e indivíduo são fundamentais para uma parceria de longo prazo. Como citado pelo Simon Sinek, o processo de seleção leva meses para se concretizar de fato. E para que isso ocorra, devem apontar para uma mesma direção.
Na prática, empresa e indivíduo precisam estar em sintonia semelhante. Se uma empresa está em crescimento acelerado e exponencial, será um desafio para um candidato que busca algo estável e rotineiro se adaptar a esta realidade. E o roteiro de entrevista precisa contemplar esta dimensão também.
Exemplos de perguntas de fit cultural:
Quais valores que você possui e que acredita serem fundamentais em uma oportunidade de trabalho?
Qual a sua missão enquanto profissional?
De que forma você acredita que nossos valores se assemelham aos seus “caso seja possível divulgar a empresa”.
5 – Visão de Futuro
Em nosso roteiro de entrevista, colocamos esta etapa como uma das últimas. Ao chegarmos aqui, já captamos um volume considerável de informações sobre o candidato e que, somado à documentação a que tivemos acesso previamente, nos ajudam na composição do perfil.
Vamos então em busca dos próximos passos que ele objetiva dar, profissionalmente falando. O que planeja estudar, como planeja se atualizar e, por fim, quais atividades gostaria de desempenhar no futuro. E algumas coisas não necessariamente saem de moda, podendo ser adaptadas. É o caso de clássicas perguntas, como colocaremos abaixo no exemplo.
Exemplo de pergunta Visão de Futuro:
Olhando para frente, quais tipos de atividades e responsabilidades gostaria de assumir no médio prazo (3 a 5 anos)?
Esta pergunta, além de nos munir de informações sobre os objetivos profissionais do candidato, mostra como ele se planeja para atingir seus objetivos. E com isso, temos um bom fechamento do nosso roteiro.
Conclusão
É muito importante que você tenha um roteiro para as entrevistas, mas tão importante quanto isso, é adequá-lo ao público. Como diz o ditado em inglês “practice makes perfect” e quanto mais realizar, melhor você ajustará o seu roteiro.